Eis o caminho de pedra
Continuar, enfrentar, escalar
Montanhas de frases
Vicissitudes, maneirismos, o óbvio
Palavra-dominó, palavra-dinamite
De que modo derrubam?
Na esquina da certeza
Deixar as botas
Daqui em diante não haverá mais
Daqui em diante
Quando os pés borbulharem
É hora de fazer as malas
Prosseguir
Agarrar um presságio e
Desancorar-se
Ferir, fluir, fruir
Desapegar-se
Para quem não paga a conta
Esquecer ou lembrar
Tem o mesmo preço
Remendar até ficar bom
Reajustar, repaginar
Retificar, realinhar, retomar
Verbos que se duplicam
Não dissipam o temor reinaugurado
(A não ser que existam outras)
Viver é uma vez só
Um naco de pão
Por um naco de pão
Se for tão-somente por um
Naco de pão
Ainda assim vale
Tomar a caneta e engolir a tinta
Para fazer descer um naco de pão
Escrever é doidice?
Experimente a rotina
Amigo de infãncia
Bom agouro, bem-te-vi
Velho tic-tac na parede
Em seu impossível desligar
Marmanjo feito fazendo criancices
Caretas, berros, impropérios, diálogos
Questionam, alavancam, expandem
Nas ruas, nas fileiras, nos palcos
Creme da sutileza é enternecimento
Procuro uma palavra que não se apresenta
Almejo uma expressão encoberta
Pode o poema carregar a beleza
Que se nega a denunciar?
Silêncio para ouvir,
Ler de pálpebras cerradasNas entrelinhas do estupendo, amoitada
A diáfana mágica do corriqueiro
(Para Maurício De Barros)
2 comentários:
Mais um texto maravilhoso!
Parabéns!
Nossa, texto Lindo!!! Muito obrigado!!!
Muito bom mesmo, emocionou.
A gente se encontra e parece que o tempo não passou, é bom. Aliás acho que para você não passou mesmo. Puta que pariu, tá a mesma cara de sempre rsssss.
Adorei.
Valeu, saudades
Mauricio de Barros (Birola)
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