Quando eu me enojar do nojo,
Deixe-me nausear
e do meu asco, fazer prazer
caso reste fonte viva
Em qualquer poesia.
Quando eu me cansar da ternura,
Permitirei que sinta meu escárnio,
E faça com que a leveza recidiva:
Precisa
Em qualquer poesia
Quando enfadonho o sabor
De sutileza, rima, beleza ou sede,
Deixe ser
Do jeito que for
Em qualquer e toda rede
Quando parecer belo ser
E enjoativo nó e ponto
Deixe ser, ter
E reter
Em qualquer reencontro
E sinta sempre:
riqueza e fome, nojo e ternura,
escárnio, gargalhadas e alma
Nessa ladeira
Sem descanso e escura
Deixe, assim, desenfreada
A poesia sem rimas
E não tenha náuseas nem
Quando eu me enojar do nojo:
E deixe correr à baila...
Pois só neste instante ínfimo
Intimamente, confesso:
Não ser preciso - fé, beleza ou azia,
Nada disso:
Em qualquer poesia.
3 comentários:
Bela!
Belo!
Impublicavelmente...
A poesia novamente,
quase esquecida nas entranhas cibernéticas desta nossa realidade tão exata...
Obrigada por mais este bálsamo!
Bj
M. Cecilia
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