16.2.11

Blue Dream

"Em meu sonho havia música,
Como nunca antes,
Em claves de sol,
Em claves de dó,
Nos acordes dissonantes,
E rodopiavas em ritmos inebriantes
Mergulhando em espirais nos rincões
de meu desvario.
E em luzes e em brumas,
cores pastéis de seu vestido
contrapondo-se à brisa quente
das memórias indissolutas.
A força alucinatória
dum dançar primitivo e o
silêncio da tua voz
a comunicar-me o porvir
num sorriso inefável.
A dor de teu olhar
fitando-me na distância do tempo,
intransponível,
E o cingir teu braço,
impossível.
E em meu sonho eu não sei...
E deste não saber de ti
que a  tudo se preocupa e enaltece:
Se vives, se és feliz,
Se abrandaste teu medo,
Se a tortura cotidiana das desilusões
Cravou amargos sulcos na pura alma tua,
E se acaso tuas esperanças ainda têm todas
as nuanças da turmalina...
E se somos leves como animais feridos de mortal beleza,
Estilhaços de um anel de vidro a se procurarem
no chão denso dos desencontros.
Neste entorpecimento em que acordo
Os sons ainda se ajuntam pelo assoalho da aurora
E somos novamente crianças
A compartilhar a vida, como algodão doce,
E beijos ardentes e doridos como mertiolate."

3 comentários:

Menezes disse...

Está bem na hora de juntar essas belezas todas em um livro, heim?!

Anônimo disse...

Muito bom!
Abraço!

Unknown disse...

Que bom te reencontrar depois de tantos anos assim... em prosa e verso...!São lindos, parabéns!Bjs
Patrícia Alves