"Em meu sonho havia música,
Como nunca antes,
Em claves de sol,
Em claves de dó,
Nos acordes dissonantes,
E rodopiavas em ritmos inebriantes
Mergulhando em espirais nos rincões
de meu desvario.
E em luzes e em brumas,
cores pastéis de seu vestido
contrapondo-se à brisa quente
das memórias indissolutas.
A força alucinatória
dum dançar primitivo e o
silêncio da tua voz
a comunicar-me o porvir
num sorriso inefável.
A dor de teu olhar
fitando-me na distância do tempo,
intransponível,
E o cingir teu braço,
impossível.
E em meu sonho eu não sei...
E deste não saber de ti
que a tudo se preocupa e enaltece:
Se vives, se és feliz,
Se abrandaste teu medo,
Se a tortura cotidiana das desilusões
Cravou amargos sulcos na pura alma tua,
E se acaso tuas esperanças ainda têm todas
as nuanças da turmalina...
E se somos leves como animais feridos de mortal beleza,
Estilhaços de um anel de vidro a se procurarem
no chão denso dos desencontros.
Neste entorpecimento em que acordo
Os sons ainda se ajuntam pelo assoalho da aurora
E somos novamente crianças
A compartilhar a vida, como algodão doce,
E beijos ardentes e doridos como mertiolate."
3 comentários:
Está bem na hora de juntar essas belezas todas em um livro, heim?!
Muito bom!
Abraço!
Que bom te reencontrar depois de tantos anos assim... em prosa e verso...!São lindos, parabéns!Bjs
Patrícia Alves
Postar um comentário